Rede troca informações, além de cruzar dados bancários, chamadas telefônica e localização dos investigados; na imagem, equipamento do laboratório em São Paulo Em 11 anos, uma rede brasileira composta por 58 laboratórios de tecnologia contra a lavagem de dinheiro, a Rede Lab-LD, identificou ao menos R$ 44,43 bilhões originados de atividades com suspeita de irregularidades. O valor refere-se a diversos Estados do Brasil e, por questões operacionais,não inclui as iniciativas da Operação Lava Jato em Curitiba, Brasília e Rio de Janeiro. Em 2017, quando se considera apenas o levantamento do primeiro semestre, 77 políticos tinham sido identificados como envolvidos nas negociatas.Os nomes deles não foram revelados. A Rede Lab-LD surgiu em 2006, por iniciativa de uma meta da Enccla (Estratégia Nacional de Combate à Corrupção à Lavagem de Dinheiro), maior forum de órgãos públicos e empresas na prevenção e repressão aos crimes de colarinho branco no país. À época, era apenas um laboratório no Ministério da Justiça.A partir de 2008, eles começaram a serem replicados nos Estados, subindo para nove unidades. Em 2011, o Ministério da Justiça fechou seu projeto-piloto, ficando apenas com a coordenação da rede. Hoje, são 325 funcionários trabalhando nas unidades da Rede Lab-LD, com salários pagos pelos Estados, trabalhando com dados oriundos de 58 laboratórios. O governo federal fornece apenas equipamentos, aplicativos licenciados e treinamento já capacitou 3.674 pessoas desde 2011.Segundo os dados mais recentes do Ministério da Justiça, responsável pela rede de laboratórios, foram identificadas pelo menos 6.752 pessoas e 2.676 empresas em 7.438 casos desde 2009 (os números de 2006 e 2008 são desconhecidos enão entram nessa conta). Os valores crescem: no primeiro semestre do ano passado, foram identificados R$ 6,2 bilhões suspeitos de irregularidades, mais que o triplo do montante de 2016 e igual à soma total de 2015.O diretor-adjunto do departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional do Ministério da Justiça, Tacio Muzzi, explica que o ministério apenas fornece as ferramentas para polícias e promotorias, mas que os membros darede –325 até o primeiro semestre de 2017– sempre trocam informações entre si, desde que tenham autorização judicial. “É muito mais fácil eu conversar com alguém que eu conheço da Rede-Lab do que eu ligar para uma pessoa que não conheço”, explicou ele, que é delegado da Polícia Federal e atuou na Operação Lava Jato no Rio de Janeiro.

Fonte: noticias.uol.com.br