Detalhes da disputa interna atualmente entre Aguinaldo e Efraim pelo senado da Paraíba

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Dois deputados federais – Efraim Filho (Democratas) e Aguinaldo Ribeiro (Progressistas) estão em franca articulação para se credenciar na disputa pela vaga de senador que estará em jogo nas eleições do próximo ano, e a emulação agita os bastidores políticos paraibanos. Em tese, ambos gravitam na órbita do esquema político do governador João Azevêdo (Cidadania), que é candidato à reeleição, mas figuram como “independentes” porque são filiados a partido em que possuem voz de comando e influência indiscutível. Claro que ambos cortejam o apoio do chefe do Executivo, não só pela estrutura que este enfeixa nas mãos mas também porque Azevêdo é, até agora, forte candidato a mais um mandato no Palácio da Redenção. O governador não declara preferência por nomes, mas não desestimula pretensões dentro do seu bloco.

Azevêdo mantém-se numa estratégica posição de expectativa para avaliar qual postulante terá capilaridade para avançar na corrida ao Senado em busca da vaga que atualmente é ocupada por Nilda Gondim, mãe do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB). Não se descarta, no entorno do grupo político ligado ao chefe do Executivo, que as duas candidaturas ao Senado possam se firmar na conjuntura, dentro de um embate que ficará restrito aos postulantes, sem, contudo, arranhar a unidade em torno do alinhamento com a reeleição de João Azevêdo. O PP tem mais autonomia em relação ao atual governo estadual do que o DEM porque não está em secretarias nem vive cortejando sinecuras oficiais. Já o DEM está na gestão através da figura do ex-senador Efraim Morais, presidente regional do partido, e que passou o bastão ao filho, líder de projeção na Câmara dos Deputados.

A aproximação do PP local com a liderança do governador João Azevêdo é pontual e ditada por interesses específicos. Em 2020, por exemplo, o governador apoiou decisivamente a candidatura do progressista Cícero Lucena a prefeito de João Pessoa e a aliança foi coroada de êxito na disputa do segundo turno. O vice de Cícero é o ex-vereador Leo Bezerra, do Cidadania, filho do deputado estadual Hervázio Bezerra, que é aliado de Azevêdo. Mas em Campina Grande o PP fechou composição com o grupo do PSD-PSDB que faz oposição ao governador, indicando Lucas Ribeiro, filho de Daniella, como vice de Bruno Cunha Lima, que foi eleito em primeiro turno. São movimentos em círculos que têm a ver com o projeto de afirmação e de ocupação de espaços pelo próprio PP, que já cravara um tento espetacular em 2018 quando fez de Daniella Ribeiro, irmã de Aguinaldo, a primeira mulher senadora da história da Paraíba. Para 2022, o pragmatismo para alçar Aguinaldo a voos maiores é que vai ditar o palanque com quem o PP vai se aliar.

Em termos de estratégia preliminar para as eleições do próximo ano no campo majoritário, o deputado Efraim Filho, aparentemente, tem mais desenvoltura do que Aguinaldo Ribeiro, porque avançou de forma significativa na conquista de apoios políticos relevantes para pavimentar sua pretensão. Assim é que ele tem contabilizado mais de uma centena de prefeitos municipais aliançados em torno do seu nome. A pré-candidatura de Efraim Filho, na verdade, ganhou impulso a partir do apoio decidido que foi manifestado pelo senador Veneziano Vital do Rêgo, presidente estadual do MDB, o que desencadeou manifestações favoráveis de deputados federais de variados partidos, daí ampliando-se caudal de apoios na base municipalista, onde o filho do ex-senador Efraim Morais tem forte penetração. Nos meios políticos, a esta altura, tem-se como irreversível a oficialização da candidatura de Efraim Filho a senador – interlocutores mais próximos dele dizem que “não há mais espaço para caminho de volta” e que a tendência é reforçar as adesões já asseguradas, pelo menos teoricamente.

Aguinaldo, que foi mencionado pelo governador João Azevêdo como uma das alternativas ao Senado, dentro do seu bloco de sustentação, chegou ao páreo depois de Efraim Filho, mas os Ribeiro, que constituem um “clã” lastreado no poderio econômico, costumam surpreender “de chegada”, desconcertando líderes e analistas políticos da mídia. Daniella, que tinha no currículo como cargo de maior expressão o mandato de deputada estadual, logrou em 2018 desbancar Cássio Cunha Lima (PSDB), com quem fez dobradinha ao Senado, e tornar-se herdeira de uma vaga ao Senado, passando a dividir espaços na nova configuração com o adversário em Campina Grande, Veneziano Vital do Rêgo. O salto espetacular de Daniella numa competição acirrada levou a que o “clã” Ribeiro fosse melhor observado na conjuntura local, inclusive pela facilidade peculiar de se compor à esquerda e ao centro, apesar da sua origem na direita. Basta lembrar que Aguinaldo foi ministro das Cidades do governo Dilma Rousseff (PT), embora mais tarde tenha votado pelo impeachment dela no cargo.

Diz-se que caberá ao governador João Azevêdo bater o martelo na contenda envolvendo Aguinaldo Ribeiro e Efraim Filho, caso venha a entender que uma emulação entre eles prejudicará o seu próprio projeto de candidatura à reeleição ao governo. O governador poderá tentar mediar uma candidatura única, acenando com compensação (a vice?) para quem tiver, eventualmente, que abrir mão do Senado. Ou, então, deixar fluírem as duas candidaturas, na perspectiva de fortalecimento do projeto maior que seria a sua reeleição. A única certeza, nesse enredo, é que o surgimento das duas candidaturas não é uma tática para “fechar” espaços à oposição. Até porque, na Paraíba, a oposição ao governo local está mais dividida e perplexa do que em qualquer outro lugar. Um exemplo é que o nome mais vistoso que se anuncia ao Senado, contra o esquema de Azevêdo, é o do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB). Que, a dados de hoje, é inelegível para qualquer mandato no radar de 2022.

Informações com Os Guedes