Dirigente da Lotep nega ocultação de patrimônio de réus da Calvário

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O presidente da Loteria do Estado da Paraíba, Beto Brasil, estranhou a versão constante em inquérito da Operação Calvário de que a Lotep teria sido utilizada para ocultar patrimônio de membros da organização criminosa que desviou recursos da Saúde e Educação, a exemplo de Coriolano Coutinho, irmão do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) e dificultar o rastreamento de dinheiro ilícito. A oitava fase da Operação Calvário, que foi deflagrada ontem teve como alvo, além da Lotep, uma empresa atuante no ramo de produtos lotéricos, Paraíba da Sorte.

Beto Brasil disse que a Lotep está à disposição da Justiça e tem colaborado com toda a investigação encetada. Assegurou que não há nenhum tipo de contrato entre a Loteria do Estado da Paraíba e a empresa Paraíba de Prêmios. “Estamos prestando todas as informações solicitadas para que se possa comprovar a verdade”

destacou. Já o sócio majoritário da Paraíba de Prêmios, Denylson Oliveira, desmentiu que tenha qualquer relação com o ex-governador Ricardo Coutinho e seu irmão Coriolano. “Nunca vi pessoalmente o ex-governador. O irmão eu conheço, mas nunca tive amizade e negócios com ele”, rebateu, dizendo-se também à disposição da Justiça, como único sócio majoritário e administrador do Paraíba de Prêmios.

Conforme revelação exposta pelo desembargador Ricardo Vital, relator da Operação Calvário no Tribunal de Justiça da Paraíba, a Cruz Vermelha Brasileira, filial do Rio Grande do Sul, que administrava o Hospital de Trauma Senador Humberto Lucena, tencionava ingressar no ramo de loterias. No final de 2017, a Cruz Vermelha recebeu convite da empresa Bilhetão Serviço e Intermediação Ltda-ME para lançar um “certificado de contribuição” no Estado da Paraíba, havendo discutido a proposta com a então secretária-geral da Cruz Vermelha, Mayara de Fátima Martins, decidindo assinar o contrato com a empresa Bilhetão Serviço para lançar o produto, o que ocorreu em sete de novembro de 2017. A partir disso, entra a atuação de Coriolano Coutinho, irmão do ex-governador Ricardo Coutinho, que seria, conforme as investigações, sócio oculto da empresa Paraíba de Prêmios e, assim, não teria admitido que a Cruz Vermelha ingressasse na área de loterias, gerando concorrência, ordenando em reunião com Daniel Gomes, operador da CV, que a entidade não se envolvesse no respectivo ramo. Coriolano teria telefonado para um “laranja” do Paraíba de Prêmios e determinado que marcasse uma reunião com a presidente da Cruz Vermelha para criar um novo produto da Lotep, desta feita com a Paraíba de Prêmios, demonstrando o interesse em eliminar o concorrente “Bilhetão de Sorte”.