PF apreende R$ 1 milhão em endereços ligados ao ex-governador de Goiás Marconi Perillo

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Policiais federais apreenderam R$ 1.020.260 na operação deflagrada na manhã desta sexta-feira (28) em endereços ligados a Marconi Perillo (PSDB), ex-governador de Goiás e candidato ao Senado.

Desse valor, segundo a corporação, R$ 80 mil estavam na casa de Jayme Rincón, ex-presidente da Agência Goiana de Obras (Agetop) e coordenador da campanha do atual governador e candidato à reeleição, José Eliton. O restante, R$ 940.260, na casa do motorista dele, o ex-policial militar Márcio Garcia de Moura.

Em nota, o advogado de Perillo, Antônio Carlos de Almeida Castro, disse repudiar a operação e afirmou que não há “qualquer fiapo de indício” contra o ex-governador (veja a nota na íntegra ao final desta reportagem).

A defesa de Rincón declarou não haver “qualquer fato novo que justificasse a ordem de prisão hoje expedida” e que “os sigilos telefônicos e bancários dele já foram quebrados ao longo dos últimos 8 anos e nada foi encontrado”.

G1 não conseguiu localizar Moura.

Contagem do dinheiro apreendido com alvos de operação em endereços ligados ao ex-governador de Goiás Marconi Perillo — Foto: Reprodução/TV Globo

Contagem do dinheiro apreendido com alvos de operação em endereços ligados ao ex-governador de Goiás Marconi Perillo — Foto: Reprodução/TV Globo

Batizada de Cash Delivery, a operação é um desdobramento das investigações da Operação Lava Jato e decorre de acordos de leniência e colaboração premiada de executivos e ex-executivos da Obebrecht.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), “quando ainda era senador e, depois, também como governador, Marconi Perillo solicitou e recebeu propina no valor de, em 2010, R$2 milhões e, em 2014, R$10 milhões, em troca de favorecer interesses da empreiteira relacionados a contratos e obras no estado de Goiás”.

Tabela que mostra supostos repasses de propina ao ex-governador Marconi Perillo — Foto: Reprodução/TV Globo

Tabela que mostra supostos repasses de propina ao ex-governador Marconi Perillo — Foto: Reprodução/TV Globo

Segundo a Polícia Federal, foram registradas 21 entregas de propina só em 2014. Os pagamentos teriam sido feitos pela Odebrecht em favor de Perillo, apontado pela denúncia como chefe do esquema. Já Rincón seria seu braço direito. De acordo com as investigações, a propina era entregue em dinheiro em espécie e transportada em malas e mochilas.

Ao todo, foram cumpridos cinco mandados de prisão temporária e 14 de busca e apreensão. A ação ocorreu em cinco cidades – Goiânia (GO), Pirenópolis (GO), Aruanã (GO), Campinas (SP) e São Paulo (SP).

Jayme Rincon é preso em operação da Polícia Federal, em Goiânia, Goiás — Foto: Reprodução/ TV Anhanguera

Jayme Rincon é preso em operação da Polícia Federal, em Goiânia, Goiás — Foto: Reprodução/ TV Anhanguera

Os outros alvos da operação foram identificados como

  • Jayme Rincón, ex-presidente da Agetop e coordenador de campanha de José Eliton;
  • Rodrigo Godoi Rincón, filho do coordenador de campanha;
  • Márcio Garcia de Moura, policial militar e motorista;
  • Pablo Rogério de Oliveira, ex-policial militar e advogado;
  • Carlos Alberto Pacheco Júnior, empresário. Segundo a PF, eles poderão responder pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Um documento obtido pela TV Anhanguera diz que a Justiça não emitiu pedido de prisão contra Perillo porque a lei eleitoral proíbe prisão de candidatos no prazo de 15 dias antes do pleito, exceto em casos de flagrante. Esse prazo começou a contar no dia 22 de setembro.

Documento da Justiça com explicação sobre o motivo de não ter sido pedida a prisão do ex-governador de Goiás Marconi Perillo — Foto: Reprodução/TV Globo

Documento da Justiça com explicação sobre o motivo de não ter sido pedida a prisão do ex-governador de Goiás Marconi Perillo — Foto: Reprodução/TV Globo

O governador José Eliton passou a manhã reunido com a cúpula do PSDB, em seu gabinete, no Palácio das Esmeraldas. A reunião ocorreu a portas fechadas, e ele não deu declarações à imprensa.

Por meio de nota, a coligação “Goiás Avança Mais”, vinculada à campanha de José Eliton à reeleição, disse que os fatos apurados na investigação “não têm relação com o atual momento eleitoral”. “Sobre a operação deflagrada hoje convém salientarmos que os fatos em apuração não possuem qualquer vinculação com a nossa campanha.”

O ex-governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB)  — Foto: Murillo Velasco/G1

O ex-governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) — Foto: Murillo Velasco/G1

Marconi Perillo

A Defesa do Marconi Perillo vem a público explicitar o mais veemente repúdio à ação deflagrada hoje em Goiás. O ex Governador foi citado na delação da Odebrecht por fatos ocorridos em 2010 e 2014. É evidente que os fatos devem ser apurados e a Defesa não tem nenhuma preocupação com a investigação. A palavra do delator é isolada e não há, sequer en passant, qualquer fiapo de indício contra o Marconi Perillo. A busca e apreensão na residência do ex Governador ha 9 dias da eleição assume um caráter claramente eleitoreiro e demonstra um abuso por parte do Ministério Publico e do Poder Judiciário. É, sem dúvida, uma clara interferência, indevida e perigosa, contra a a estabilidade democrática. Os fatos citados pelo delator, sem provas, se referem a questões antigas. A falta de contemporaneidade, já decidiu varias vezes o Supremo Tribunal,é impeditivo de prisões e qualquer outra medida constritiva contra qualquer cidadão. Importante esclarecer que NÃO é verdade que o ex Governador teve mandado de prisão decretado, mas teve busca e apreensão e esta medida, neste momento ,já é uma grave agressão. Uma violência inexplicável ao estado democrático de direito.

Kakay

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Jayme Rincón e Rodrigo Godoi Rincón

Advogado de Jayme Rincón e do filho dele, Romero Ferraz informou que “não há qualquer fato novo que justificasse a ordem de prisão hoje expedida contra Jayme Rincón, que tem contribuído com a Justiça e com as investigações. Os sigilos telefônicos e bancários dele já foram quebrados ao longo dos últimos 8 anos e nada foi encontrado”.

Ele afirmou que ambos já prestaram depoimento à PF, sendo que Rodrigo foi ouvido na sede da corporação em Campinas (SP), onde mora.

“O Jayme sempre diz que os sigilos estão quebrados, não tem nada a esconder de ninguém. Ele prestou depoimento, respondeu a todas as perguntas, sanou todas as dúvidas, está muito tranquilo a respeito disso”, afirmou Ferraz.

O advogado alegou ainda que o repasse do dinheiro de Jayme ao filho se deu por causa de uma cirurgia no coração. “Há tentativa de conectar fatos em relação à cirurgia do filho. Me parece que existe um e-mail dele para com o filho, que passou por cirurgia cardiológica recentemente, dizendo que ia fazer o pagamento, mas, como filho mais novo, é normal que o pai custei as contas dele”, declarou.

Márcio Garcia de Moura

G1 não conseguiu localizar a defesa do policial militar Márcio Garcia de Moura, que foi apontado pelos investigadores como motorista de Jayme Rincón e na casa de quem foram encontrados maços de dinheiro vivo. A reportagem também não encontrou perfis dele em redes sociais.

Em nota, a assessoria de comunicação social da Polícia Militar informou que “todas as providências legais serão adotadas em decorrência da operação desencadeada pela Polícia Federal, na manhã de hoje (28), no tocante ao possível envolvimento e prisão de um integrante da Polícia Militar”.

Pablo Rogério de Oliveira

A defesa do ex-policial militar e advogado Pablo Rogério de Oliveira disse que também não tem conhecimento dos autos, mas pedirá a liberdade provisória do investigado. “Ele tem todos os requisitos para responder em liberdade, não causa prejuízo ao processo. Tem também a questão da lei eleitoral, que protege eleitores e candidatos”, afirmou o advogado José Coelho de Oliveira.

Carlos Alberto Pacheco Júnior

O G1 não conseguiu contato com a defesa do empresário