PIB do Brasil cresce, mas o Nordeste encolhe e aumentam as desigualdades

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Os números oficiais do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil em 2021 foram divulgados nesta sexta-feira. A economia do país cresceu 4,6%, um pouco mais do que o esperado pelo Banco Central e um pouco menos do que o projetado pelo Ministério da Economia.

O índice é bom se comparado a 2020, quando o PIB girou negativo (-3,9%), e diante do cenário produzido pela pandemia do covid-19.

Os serviços, com 4,7%, e a indústria, com 4,5%, puxaram o crescimento do PIB nacional. Por causa da seca, o poderoso agronegócio contribuiu com aumento de apenas 0,2%.

O governo se alegrou com a confirmação do crescimento do PIB. Ganha um discurso para a campanha eleitoral, embora as projeções para 2022 sejam muito ruins (o mercado projeta PIB de 0,3% e Banco Central acredita em crescimento de 1%).

O problema, de natureza muito grave, é que, de acordo com estudos do Banco Central, a forma como a economia se desempenhou em 2021 concorre para o aprofundamento das desigualdades regionais, aumentando a pobreza das regiões Norte e Nordeste.

O PIB cresceu 3,66% no Centro-Oeste, 2,69% no Sudeste e 1,77% no Sul. No Norte, o crescimento foi de 0,12%, e no Nordeste o índice ficou negativo em menos (-) 2,43%.

Para os técnicos, a dificuldade de recuperação do Nordeste, neste período de pandemia, ocorre em razão da menor diversidade da economia, a redução de pagamento de benefícios sociais em 2021 e a baixa atividade no setor de turismo.

Visto assim, em análise pontual, parece simples e até natural a redução da atividade econômica no Nordeste. Mas não é. Reflete as desigualdades históricas. Aprofunda a distância entre as regiões mais ricas do país. Revela que o governo não dispõe de planos para superar as diferenças entre regiões e que as lideranças nordestinas, talvez desprovidas de consciência do problema, não fazem a defesa da região e se mostram alienadas e desorganizadas na luta contra as desigualdades.

Lamentável é que vai começar mais uma campanha eleitoral, mas os políticos da região não estão nem aí.

 

Por Josival Pereira